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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA

                             
                            A ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA
O portugues é a continuação do latim. O latim, por sua vez, era um dos ramos de uma grande família lingüística que os historiadores chamavam de línguas indo-européias ou áricas, que contituem transformações de um idioma extinto, falado há cerca de cinco mil anos por um povo que se convencionou chamar de "árias". Os especialistas conseguiram provar a existência desse povo misterioso e desconhecido através dos estudos ligüísticos, das religiões comparadas e a antropologia.
Durante suas migrações, realizadas em épocas diferentes de sua vida, os árias atingiram a pénínsula itálica, onde encontrartam certamente povos que falavam outras línguas. Nessa península, o indo-europeu transformou-se em línguas do grupo itálico, que teve como idiomas principais o osco, o úmbrio e o latim.
O latim que terá uma grande repercussão no mundo antigo, a princípio foi falado por um pequeno povo de costumes simples e rudes que habitava o Lácio.  Com o crescimento político e econômico desse povo, graças à fundação de Roma, o latim suplantou as demais línguas da península itálica, grande parte  do sul e do centro da Europa e norte da África. En determinado momento da história humana, era senhora de uma vastíssima região. Contudo, com o desaparecimento do império romano, não só continuou nessas regiões como ampliou seus territórios através dos mares, na boca dos povos que falavam essa língua transformada em português e espanhol, por exemplo. 
Mas a língua portuguesa é continuação do "latim vulgar" (sermo vulgaris ou plebaeius) e não do "latim literário"(sermo urbanus), que era a língua  dos escritores e que nós podemos conhecer até hoje através das obras que compoem a monumental literatura latina.  O latim vulgar  era a língua viva, a língua que os romanos e, posteriormente, os povos conquistados usavam para a comunicação diária, a língua coloquial. Esse foi o latim levado para a vasta região que Roma dominou no mundo antigo.  Como se explica, pois, que tal língua, que até o século III da era cristã conservava suas cacacterísticas fundamentais, se tenha diferenciado tanto nas diversas regiões, a ponto de, hoje,  não entendermos, sem prévio estudo, os demais membros dessa família, como o frances, o italiano, o rumeno?
A expansão de Roma não se fez numa mesma época. Portanto as zonas dominadas não receberam o mesmo latim e sim um latim alterado pelos séculos que transcorreram de uma conquista a outra. Esse latim encontrou, em cada região, povos que falavam outras línguas, um substrato lingüístico que marcou profundamente  a língua dos conquistadores. Posteriormente entrou um novo e importante fator, que foi o desmembramento do Império Romano. Uma vez desaparecidos os laços que uniam esses povos às atividades culturais e políticas de Roma, cada dialeto se desenvolveu livremente, de acordo com as características de cada região, acelerado ainda pelas invasões dos bárbaros e árabes, que, com seus falares, influiram nas línguas locais, criando o que se costuma chamar de um "substrato lingüístico". Dessa maneira explicamos o surgimento dos romances, conhecidos depois por línguas românticas ou neo-latinas. 
Antes da invasão romana, vários povos haviam se fixado na Península Ibérica. A história da Península, antes dessa conquista, encerra inúmeros problemas e, em geral, é confusa. As teorias que existem se apoiam em dados nem sempre claros e homogêneos: restos humanos, mitos, indicações de escritores gregos e latinos, moedas, incrições em línguas ignoradas, designações geográficas, etc. Baseiam-se pois em dados etnográficos, arqueológicos e lingüísticos,  nem sempre generosos pela quantidade e qualidade para conclusões positivas. Os íberos, assim os chamavam os gregos e latinos, parecem ter sido os mais antigos de que temos notícias, como habitantes da Península. Depois deles vieram os celtas, representantes da família indo-européia ou ariana. Neste aspecto, irmãos dos helênicos e dos itálicos. Da união dessas raças surgiu o celtíbero. Depois, fenícios e gregos fundaram importantes colônias na Península com finalidades comerciais. Os gregos estabeleceram-se ai por volta de 800 antes de Cristo. Mas foi só no século II antes de Cristo que os Romanos entraram na Península, talvez com o intuito de refrear a expansão carteginesa que havia, também, atingido a região. Entretanto foi somente no ano 197 antes de Cristo que Roma anexou oficialmente a Hispânia como província. 
Às margens do rio Minho (portugal) formou-se um dialeto que chamamos "galaico-portugês", numa época, homogêneo, construindo um falar único e só, posteriormente diferenciados entre si, desmembrando-se em duas líguas, o galego e o português. Tais línguas ocupam toda a zona ocidental extrema da Península.
No reinado de Afonso III (1.250), o português era falado por toda a região ocupada por Prtugal. 
Não se pode precisar em que época apareceu a língua portuguesa.  Ela não surgiu de repente. Os sons do latim popular que se transformaram em português levaram séculos até atingir o estado atual. Passou por diversas fases. Sabe-se, contudo, que no século IX, a língua já existia, uma vez que  em documentos escritos em "latim bárbaro" (o latim literário deturpado pelos escrivães) já se encontram formas evidentemente portuguesas. É quase certo que o galego-português já existia então e devia ser a forma de expressar-se do povo, ainda que continuasse usando na escrita oficial o latim bárbaro, que sobreviveu durante muitas centenas de anos. 
Ao século VII podemos datar inúmeros documentos literários escritos em português, em verso, que é a primeira forma literária de que se serviram nossos antepassados. Desse modo, a língua do povo adquire categoria literária, criando aquela mesma dualidade existente no latim: língua popular e língua literária. Diferenças a princípio apenas perceptíveis, separam a ambas, mas, com o tempo, elas se aprofundam e assim chegam aos nossos dias, uma, a literária, fixada pela escrita; a outra, a popular, modificando-se  sempre, freada pela outra em seus excessos, mas, ao mesmo tempo, soprando-lhe vida, ajudando-a em seu caráter expressivo. Durante a época medieval e, sobretudo, no Renascimento a necessidade de traduzir textos latinos para o romance, fez com que os autores introduzissem na língua portuguesa inúmeros vocábulos eruditos, artificiais, criados para substituir formas populares ou, mesmo, para preencher lacunas existentes, dando à língua um caráter culto, alatinado. 
No século XVI a língua adquire feição moderna, a que hoje conhecemos e estudamos. É o século do Renascimento e, fundamentalmente, a época mais importante para os estudos literários, não só pelos aspectos que possa oferecer para a estilística moderna como pelo conteúdo humanístico existente em obras como as de Camões e Gil Vicente. Segundo Leite Vasconcelos, a história da língua portuguesa pode ser dividida em três grandes épocas:  - A Pré-histórica: que começa nas origens da língua e atinge o século IX, quando surgem os primeiros documentos latino-portugueses. Em suma,abrangeria o latim lusitânico e o romance falado na Lusitânia. - A proto-história: que vai do século IX ao século XII, quando encontramos nos documentos, redigidos em latim bárbaro, palavras portuguesas que provam a existência da língua nessa época.  E finalmente a histórica: que vai do século XII, do aparecimento do primeiro documento redigido em portugês, aos nossos dias. Marca a fixação pela escrita de uma língua até então apenas falada. Essa época é susceptível de divisão em duas fazes:  a) fase arcaica - do século XII ao século XVI.  b) fase moderna -  do século XVI aos nossos dias. 
Com a expansão marítima dos portugueses no século XVI e o descobrimento e colonização de novas terras, a língua portuguesa foi levada a outros continentes, como Àfrica, Ásia e América. Dessa maneira a romanização, em certo sentido, continuava agora levada a mundos desconhecidos na boca da gente lusa. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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Agora leia o lindo soneto de Olavo Bilac, no qual o poeta, além de se referir à origem latina do nosso idioma - português- , descobre nele uma estrutura antitética de rudeza e beleza; de força, vigor, ternura e doçura saudosas: 
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Última flor do Lácio, inculta e bela, 
És, a um tempo, esplendor e sepultura: 
Ouro nativo, que na garganta impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
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Amo-te assim, desconhecida e obscura, 
Turba de alto clangor, lira singela, 
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
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Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma, 
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Em que da voz materna ouvi:"Meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo, 
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

                                  de Olavo Bilac




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