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sexta-feira, 27 de maio de 2011

A PAIXÃO DE CRISTO

                A PAIXÃO DE CRISTO
Ao longo dos séculos, movidos por sentimentos religiosos e até de culpa, o homem tem reconstituido o suplício, a morte e a ressurreição de Cristo através de pinturas, esculturas, teatro e, mais recentemente, pelo cinema e televisão.
Todas as reconstituições da Paixão de Cristo baseiam-se nos evangelhos. 
Este mistério do drama de Cristo sempre exerceu extraordinário fascínio sobre a humanidade. Provas históricas e científicas têm sido procuradas pára dar fundamento aos escritos dos evangélhos, mas, ainda hoje, a igreja não conseguiu comprovar documentalmente os fatos  narrados nas escrituras. A própria biblioteca do Vaticano guarda documentos de autores que teriam sido comtemporâneos de Jesus, mas nenhum faz referência aos fatos narrados. Em 1955, o Papa Pio XII, falando sobre Jesus Cristo para um Congresso Internacional de História em Roma, disse: "Para os cristãos, o problema da existência de Jesus Cristo concerne à fé e não à história". 
A história de como realmente ocorreu a morte de Jesus, sofreu modificações no correr dos séculos. Passados mais de dois mil anos, muitos pontos obscuros continuam sendo objeto de discussão entre os estudiosos. 
A crucificação era um suplício romano, de origem persa, que foi criado para que o condenado não maculasse a terra com seu sangue impuro, ao ser executado. Este enorme suplício costumava ser aplicado a escravos que fugiam ou se revoltavam contra seus donos e também a ladrões. Pela história contada nos evangelhos, nenhum desses seria o motivo pelo qual Jesus foi crucificado. Então, uma das perguntas que se faz é: por que Cristo foi condenado a morrer na cruz?
A narrativa de todas as etapas da crucificação é um dos episódios em que os quatro evangelhos coincidem, apenas com algumas divergências de menor importância. 
As tres principais etapas da paixão são: Cristo carregando a cruz, os preparativos do suplício e a crucificação no Calvário. 
A crucificação aparece em duas versões nos Evangélhos. Segundo Mateus, Marcos e Lucas, um homem chamado Simão, o Cireneu, foi intimado pelos soldados a ajudar Cristo carregar a cruz. Mas, segundo o Evangelho de São João, Cristo carregou a cruz sozinho até o local da crucificação.
A personagem da mulher enxugando o rosto suado e sangrento de Cristo, com seu véu, só apareceu na história no final do século XV. O nome Verônica foi dado àquela mulher porque, segundo a história, é o rosto de Cristo que ficou gravado no véu e quer dizer Verdadeira Imagem (vero icona). 
O caminho da Paixão surgiu no fim da Idade Média, e é um dos fatos mais significantes da iconografia. É quando surge uma nova devoção instituida de propagada pelos padres franciscanos que, segundo consta, haviam recebido a guarda e custódia dos lugares santos.  Foram denominados "Os Passos de Cristo, com suas 14 estações. 
Os caminhos de Cristo, a dolorosa escenção ao calvário, foram reconstituidos pela igmaginação criativa de alguns místicos, como São Boaventura e Santa Brigida da Suécia, como se tivessem sido testemunhos oculares daquelas cenas.  
Os preparativos da crucificação falam de Cristo sentado sobre um rochedo, despojado de suas roupas, coroado de espinhos, mãos atadas por cordas, enquanto espera a caminhada para a execução.
Havia um tradicional costume judeu onde oferecia-se um vinho fortemente aromático aos condenados à morte. O objetivo era aturdí-los ou anestesiá-los. Segundo São Mateus, os solddos lhe deram uma mistura de vinho com fel para beber. Já São Marcos fala em mirra. No entanto, Cristo recusou a bebida, talvez porque desejasse chegar à morte em plena consciência. 

A crucificação começa com Cristo sendo levado à cruz, colocado em cima da madeira e nela pregado, para só então ser levantado. Entretanto, existem outras versões, como a de alguns místicos medievais, segundo a qual a parte vertical da cruz já se achava erguida e Cristo é cravado primeiro nos braços transversais do patíbulo e só depois é erguido e pregado nos pés.
Os Evangelhos nada dizem, com precisão, sobre a forma da cruz. Ao que tudo indica, nas primeiras representações do Calvário, Cristo achava-se suspenso numa espécie de poste. 
Nos primeiros séculos do cristianismo a crucificação só era invocada indiretamente e através de símblos. A igreja apenas esboçava alguns traços da crucificação, embora sempre tenha sido um tema essencial. É somente no século VI que, através da iconografia, Cristo aparece na cruz sob forma humana. Então o suplício perde seu caráter infame, só aplicável a esravos e ladrões. O mais antigo documento desta iconografia é um baixo-relevo em marfim, de origem siríaca, do ano 586, que se encontra no British Museum de Lodres. 
Nas primeiras imagens da crucificação, Cristo é apresentado em duas posições: Na primeira Ele é um jóvem imberbe e está envolto numa túnica. Aparece com os braços levantados, em atitude de oração e seus pés pousavam no chão e não tinham cravos. Na segunda, que foi aprovada pelo  Concílio de Trento, sua posição aparece como as atuais representações. 
Nas crucificações gregas e orientais, Cristo é representado vivo na cruz, em atitude triunfante, tendo na cabeça uma coroa real. 
Os cravos dos pés e das mãos de Cristo são mensionados no Evangelho de São João. Até o século XII a iconografia indicava um cravo em cada mão e um em cada pé. A partir de então aparecem, com mais freqüência, apenas tres cravos, um em cada mão e o terceiro atravessando os pés cruzados. Também na arte brasileira, até o século XVII, os pés estão separados e a partir de então passam a ser cruzados. 
A tradição evangélica falava em braços estendidos e pregados num lenho, correspondendo à cruz do suplício dos escravos, composta de dois elementos fixados num ângulo reto. Para esta finalidade, o nome grego de "stauros" e o latino "crux" se adaptavam melhor à tradição. Então foi imediatamente adotado pela igreja, uma vez que oferecia aos fieis a imagem simbólica de quem está orando. Mais tarde, nas catacumbas, converteu-se no símbolo da prece. 
Além de Jesus, os principais protagonistas da crucificação foram os dois ladrões, o porta-lança, o porta-esponja, os soldados, a Vigem Maria e São João. Desde o início a iconografia cristã procurou diferenciar o bom do mau ladrão, denominados respectivmente de Dimas e Gestas. O bom ladrão sempre foi colocado à direita de Cristo e o mau à esquerda. O bom ladrão sempre foi pintado como jovem bondoso, imberbe e belo, que correspondia ao ideal da beleza grega. Já o mau ladrão é um homem feio, barbudo e sempre aparece com a cabeça baixa, mostrando-se envergonhado. Em algumas representações artísticas medievais, um anjo aparece acolhendo a alma de Dimas, a quem Jeus prometera o paraíso, - Lucas, 23, 43 -. Já o mau ladrão aparece sendo levado pelo demônio para o inferno. O soldado porta-lança, que golpeou o flanco de Cristo, foi adotado pela igreja como santo, por ter reconhecido sua divindade ao curar a cegueira com o sangue do crucificado.  A lança, (do grego "longke", lança) converteu-se numa das mais importantes relíquias do Vaticano. 
Na idade média, o porta-esponjoa também passou a ser alvo de interesse da igreja. O soldado, a quem se deu o nome de Stephaton, aparece como um bom feitor que ofereceu fel ao Cristo agonizante. Nas lendas bizantinas ele aparece convertido e sendo batizado e então passa a ser o símbolo dos gentios convertidos. 
Em todas as representações da crucificação, anteriores ao século XII, a Virgem Maria e São João, que eram a mãe e o discípulo preferido, aparecem cada um ao lado da cruz. Somente a partir do século XIV é que se introduziu o costume de agrupá-los de um só lado. A partir dessa época a Virgem, às vezes até desmaiada, aparece amparada por São João. Na Idade Média este motivo dramático foi cada vez mais empregado na medida em que crescia o culto a Maria. Mais tarde , sob a influência dos jesuitas, surge a devoção das Sete Dores, com sete espadas que simbolicamente aatravessam o coração de Maria. O final do martírio acontece quando jesus prova o fel, dado pelo centurião porta-esponja, e diz "Está tudo consumado", e morre.


 Na seqüência, a história conta sobre vários fenômenos climáticos que são narrados pelas evangelistas. Às tres e meia da tarde, quando Cristo morre, o sol desparece, o solo treme, a Terra se cobre de trevas e surge a Lua. O véu que existia no templo de Salomão rasga-se de alto a baixo, significando o rompimento da igreja com a Sinagoga. 

   A real existência de todos os fatos em relação a Cristo sempre foi posta em dúvida pelos pesquisadores. Sem entrar nessa polêmica, mas apenas como contribuição cultural, cabe-me informar alguns fatos históricos da época de Cristo para que você medite a respeito. 
Segundo Tácito - historiador romano que viveu de 55 d.C. a 120 d.C. - os judeus e egípcios foram expulsos de Roma por formarem uma mística superstição cristã. Essas expulsões ocorreram duas vezes no tempo do imperador Augusto e a terceira vez no governo de Tibério, no ano 19 d.C. Nesta data Cristo ainda estaria vivo e pregando.  Naquela época o nome cristão aplicava-se apenas para denominar a superstição judaico-egípcia e não se falava o nome de Cristo.
Segundo historiadores que, estudando Filon da Alexandria - filósofo judeu do século I - o cristianismo nasceu na Alexandria e não emRoma ou Jerusalém. Foi Filon quem escreveu boa parte do Apocalípse. Ele foi um dos judeus mais ilustres do seu tempo, e sempre esteve em dia com os acontecimentos da sua época, mas nunca mencionou o nome de Jesus Cristo em seus escritos. 
A palavra Evangelho, que em grego significa "boa nova", já figurava na Odisséia de Homero, no século XIII a.C.  Esta mesma palavra foi também encontrada numa inscrição  em Priene, na Jônia, numa frase comemorativa para o endeusamento de Augusto, no seu aniversário, significando a "boa nova" no trono. Tudo isto ocorreu muito antes do aparecimento de Jesus Cristo e as escrituras. 
Marcião, teólogo radical ortodoxo, que viveu entre 90 e 160 d.C. foi contemporâneo de Justiniano. No ano 140 ele trouxe as Epístolas para Roma. Lá elas sofreram rigorosa triagem sendo cortada muita coisa que não convinha à igreja. Apresentavam Jesus como um Deus encarnado. Segundo ele, Jesus sofrera o martírio para resgatar os pecados da humanidade, mas apenas dos ocientais, pois os orientais nunca tomaram conhecimento da personalidade de Jesus, seus milagres e sua pregação. 
O Novo Testamento, atualmente oficializado, é cópia de um texto grego do século IV. É exatamente o sinótico descoberto em 1859, em um convento do Monte Sinai, onde vem informada a origem grega. Os originais estão guardados nos museus do Vaticano e de Londres. Foram publicados com devidas correções feitas por Hesíquis, de Alexandria. 
Em 1931, no Egito, foi encontrado um papiro que nos apresenta uma ordem cronológica totalmente diferente da oficializada pela igreja. Atualmente, as fontes testamentárias aceitáveis são do século II em diante, provinda de Justiniano, Táciano, Atenágoras, Ireneu e outros, os quais são considerados os verdadeiros criadores do cristianismo.
Escavações feitas em Jesuralém desenterraram velhos cemitérios, onde foram encontradas muitas cruzes do século I e mesmo anteriores. Todavia, apesar de já ser usada naquela época, só a partir do século IV é que a Igreja iria oficializá-la como seu emblema. Levantamentos arqueológicos posteriores provariam que a cruz já era piedoso emblema usado desde milênios. 
O Bispo Eusébio de Cesária, considerado o pai da história da Igreja, que viveu entre o ano 265 e 339, em "História Eclesiástica", 4-23 disse: "Compus as Epístolas conforme a vontade do irmão, mas os apostolos  do diabo tacharam-nas de inverídicas, cortando-lhes certas coisas e acrescentando outras". Referia-se às adaptações feitas pela Igreja sobre seu trabalho. Ele foi um bispo que acreditava apaixonadamente na divindade de Jesus Cristo, mas muito temia o poder que possuia o bispo de Roma. Foi graças a Eusébio e outros iguais a ele que se tornou uma temeridade desacreditar na verdade oficializada pela Igreja daqueles tempos. 
Herodes, responsabilizado pela matança dos inocentes, que compõe a fuga para o Egito, não poderia ter participado daqueles eventos, pois nasceu no ano 4 a.C. e, portanto ainda seria uma criança.
Santo Agostinho, que viveu entre o ano 354 e 430 d.C., assim se manifestou sobre os Evangelhos: "Não creria nos evangelhos se a isso não me visse obrigado pela autoridade  da igreja". 
O Papa Leão X disse: "A fábula de Cristo é de tal modo lucrativa que seria loucura advertir os ignorantes de seu erro". 
Polêmicas sempre existiram e continuarão a existir. Ao que tudo indica a história de Cristo foi construida passo a passo para atender aos interesses da igreja de cada época. O que realmente importa é que o nome de Jesus Cristo representa uma mensagem de amor e paz. Essa mensagem do cristianismo tem trazido muito conforto às pessoas que, estando desesperadas, buscam na fé a solução de seus problemas. Infelizmente transformaram o nome de Cristo numa mentirosa indústria de fazer dinheiro fácil, usando a boa fé das pessoas. Os moderninhos "apóstotos midiáticos televisivos" de Cristo distribuem até carnês para pagamentos mensais, prometendo curas milagrosas aos fieis que contribuirem. São eles que transformam a religião num grande mal para a humanidade, principalmente por explorarem as pessoas menos aquinhoadas intelectual e financeiramente.
Nicéas Romeo Zanchett





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