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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

AS ORIGENS DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA


               Enquanto a Europa, abalada pelas últimas guerra de religião, ia procurando endireitar suas condições políticas e espirituais, a Inglaterra preparava-se para enfrentar uma crise dinástica e parlamentar da mais alta importância. Fermento de origem de tanta confusão eram as idéias puritanas, isto é, aquela corrente religiosa, firmada na austeridade calvinista, que se formara aos poucos no seio da igreja anglicana. Os puritanos, já fortes nos últimos decênios do século XVI, e mantidos no freio somente pelo respeito que Elizabeth incutia em seus súditos, começaram a fazer ouvir sua voz, sob o reinado de James I, hostilizando-lhe abertamente a politica.
              Naturalmente, às provocações, Estado e Igreja responderam com perseguições, embora de maneira não grave; assim, muitos puritanos viram-se obrigados a tomar o caminho do exílio. Alguns resolveram isolar-se de vez do mundo civilizado, para ir fundar, em uma terra onde sobre a qual não pesassem séculos de história e de preconceitos, uma nova e livre sociedade humana; e vê-se, então, na primavera de 1607, um navio atravessar o Atlântico-Norte e desembarcar, na costa americana, pouco mais de uma centena de colonos ingleses. Quanto ao país em que desembarcavam, aqueles homens, certamente, possuíam apenas escassas e fragmentárias notícias. 
             O clima parecia clemente, os indígenas não perigosos; assim, aquele exíguo grupo de pioneiros se lançou espontaneamente ao trabalho e, bem cedo, na zona do desembarque - na praia de Chesapeake, à vista dos montes Alleghany - onde fizeram um acampamento britânico com barracas e uma pote de madeira, que serviria de trapiche. Nesse local surgiu depois a cidade de Jamestown - Virginia em 14 de maio de 1607.  
              Tão logo chegaram, os novos colonos perceberam que, se a primavera e o verão eram cálidos, naquelas terras o inverno era bastante rígido; nem todos os imigrantes eram moços e robustos, de maneira que o frio e as privações da primeira invernada ceifaram a metade dos pioneiros. Mas a primeira experiência estava realizada, a cabeça de ponte fora estabelecida, e a resistia; àqueles cinquenta sobreviventes vieram juntar-se muitos correligionários, de maneira que a nova colônia, a colônia da Virgínia, começou a expandir-se. 
               Naqueles primeiros anos, a imigração para a América era feita segundo um sistema nitidamente britânico; isto é, o governo entregava, sob condições, a companhias comerciais, um determinado espaço de terra, confiando-lhes a exploração e a defesa desse território, embora considerando os colonos como cidadãos ingleses no lato sentido do vocábulo. Depois d primeira experiência da Virgínia, as Companhias comerciais multiplicaram-se e, com elas, os novos postos ingleses; o rei da Inglaterra, por força da viagem de descobrimento efetuada por João Cabot, em 1497, tinha conquistado direitos de soberania sobre toda a imensa região compreendida entre Terra Nova, o Labrador e Flórida, de maneira que as colônias se difundiram gradualmente, ao longo de toda a costa atlântica da América setentrional. O maior fluxo ocorreu, porém, para aquela zona, que recebeu o nome de Nova Inglaterra. O maior centro de imigração puritana tornou-se, em 1620, a colônia de Massachusetts, onde surgiu a cidade de Boston. 
               Mas não só os Ingleses foram os colonizadores do Novo Mundo; um forte grupo de Holandeses, por exemplo, estabeleceu-se desde 1624, à foz do Hudson, ali fundando a cidade de Nova Amsterdã; parece que o primeiro governador da colônia comprara a península, em que depois surgiu a cidade, por sessenta florins de ouro. Sobre aquela pequena península, denominada, depois, Manhattan, está hoje concentrada a maior organização financeira e econômica do mundo: o centro de Nova York. Lá pela metade do século, os ingleses ocuparam pacificamente a cidade, importantíssima como meio de comunicação com a hinterlândia, dela fazendo o porto mais ativo de todo o continente. Como os ingleses basearam seu direito de posse nas descobertas de Cabot, assim os Franceses apresentavam direitos sobre vastos territórios do Novo Mundo descobertos e descritos por Giovanni da Verrazzano, a quem Francisco I fornecera os recursos para a viagem; destas tão discutidas pretensões, nasceram as muitas guerras que, por quase dois séculos, se viram empenhados os Franceses, que se haviam estabelecido ao longo do Mississípi e Ohio, e os ingleses da Nova Inglaterra. Os verdadeiros senhores das terras, os índios, assistiam impotentes àqueles choques; em seguida, acabaram por se dividirem entre os dois campos, procurando obter, na discórdia entre os invasores, qualquer modesta vantagem para suas tribos. Contra os Europeus, os índios não  demonstraram, porém, a princípio, nenhuma hostilidade; se mais tarde, os combateram foi somente para defender seus pastos e seus direitos da indiscriminada sede de rapina dos brancos. Povo de tradições altivas e independentes, eles se recusaram, todavia, a trabalhar nas plantações coloniais, a soldo dos bancos, e, por isso, estes trataram de engajar, nada mais nada menos do que, como escravos, outros homens de cor, ou sejam, os negros, que se podiam "comprar" por pouco dinheiro, dos chefes de tribo africanas. Em 1619, desembarcaram, nas costas  da Virgínia, os primeiros negros; o tráfico de homens de cor assinala o início da prosperidade americana, mas trouxe consigo a chaga, ainda hoje, mais do que nunca aberta, do ódio de raça e do escravagismo. 

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