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domingo, 10 de junho de 2012

AMOR E SEXO NA MITOLOGIA

                                               AMOR E SEXO NA MITOLOGIA
Na mitologia greco-romana, as referências aos deuses portadores de sexualidade são intensas. Entre eles Pã, Priapo,  Dionísio, Zeus, Apolo, Eros, Hera, Demeter, Afrodite, além dos Silenos e Centauros. Cada uma dessas divindades representa uma forma de iniciação à sexualidade. Trata-se de um modelo de fantasia pelo qual é possível experimentar as várias modalidades do instinto sexual.
O culto a essas divindades e os ritos iniciáticos realizados em seus templos são vividos como mistério do masculino e do feminino. Eles retratam a aquisição do conhecimento sobre a vida e a morte, implicando na transformação da consciência a respeito da sexualidade. 
Na nossa cultura religiosa judaico-cristã, não dispomos de uma imagem divina como exemplo a ser seguido na iniciação sexual.  Na mítica cristã, por exemplo, a figura de Cristo apresenta-se totalmente destituída de afetos, idéias ou atitudes sexualizados. No mito judaico-cristão, o surgimento de um novo padrão de consciência e a tomada de conhecimento do poder criador, sob a forma da descoberta da sexualidade por Adão e Eva, configuram realidades a eles interditadas. Eles descobrem a sexualidade e seus poderes sem a permissão do deus criador. Na simbologia, depois de comerem a maçã e acordarem para um novo tempo, homem e mulher se descobrem nus e se envergonham. Comer o fruto da árvore do conhecimento representa descobrir em si mesmo a capacidade para conceber outro ser à sua imagem e semelhança. Naquele momento, homem e mulher unidos descobrem-se como criatura e criador.  
Saber que somos seres sexualizados e, portanto com competência para gerar outro ser semelhante a nos mesmos nos confere poderes temerários que demandam um padrão de consciência alicerçado na condição reflexiva. A capacidade de questionar a si mesmo, colocando-se no lugar do outro.
 O conhecimento consciente da sexualidade representa a entrada de um grandioso quantum de energia que se traduz por um estado de confusão mental permeado de sentimentos díspares: prazer, medo, vergonha etc. Durante as tranformações da adolescência, ritos iniciátios são necessários para aprender lidar com esse fenômeno tão pouco compreendido. 
O corpo denuncia o sofrimento da alma. O estudo das manifestações mórbidas da psique, a psicopatologia, demonstra que a grande maioria dos disturbios orgânicos expressa tentativas de solução ou disfarces para os conflitos internos. Muitos dos sintomas corporais  são mensagens ou expressões da psique e podemos encontrar neles um significado simbólico. É possível facilmente constatar que esses disturbios estão ligados à negação ou repressão da sexualidade. 
 Em um ciclo de conferências da Universidade Ford-ham, em Nova York, em setembro de 1912, Jung propõe que a etiologia da neurose não seja mais buscada no passado, em desejos sexuais infantis reprimidos, mas no presente, convertendo a neurose em um malsussedido ato de adaptação a dificuldades atuais.  A psicologia junguiana utiliza os mitos como recursos de amplificação de materiais psíquicos. 
A TPM - tensão pré-menstrual, síndrome caracterizada por retenção hidrica e alterações humorais, pode ter seu sentido simbólico amplificado pela dinâmica  de Dionísio, deus da orgia, do êxtase, da embriaguez, do prazer, da fertilidade, mas também do úmido e do quente (contrastes), cultuada por todos a cada manifestação cotidiana de festejo pela vida. Quando, ao contrário, ele é negado pela rigidez de nossas estruturas socioculturais (como inflexibilidade ou condutas obsessivo-compulsivas), simbolicamente se manifesta pelo "enlouquecimento do corpo", pela irritabilidade, por dores físicas etc.


A grande deusa Deméter, perseguida por Posídon, metamorfeseia-se em égua e é violentada pelo deus cavalo. Deméter concebe dois filhos desse encontro: o filho cavalo Árion e a filha Despoina (ou Despina) que segnifica neve, frieza, algo gélido, expressão incontestável do seu feminino ferido. O único lugar onde Despoina pode ter seu nome pronunciado é nos ritos de Elêusis, dentro do recinto sagrado. Desse relato mítico é possível inferir que a frigidez feminina é decorrente de abusos, violência explícita ou de caráter estritamente emocional.


Pã, deus da floresta e dos campos, que deu origem à palavra "pânico", é abandonado pela sua mãe, Filira, que fora violentada por Crono. Ele é levado pelo pai ao Olimpo, onde é criado e recebe dotações de todas as divindades. Pã desce à Terra e, desejoso de companhia, fica a observar as ninfas. Para atraí-las, toca divinamente sua flauta doce. Quando, fascinadas, as jóvens se aproximam ele sai de trás dos arbustos, se mostra por inteiro e corre em direção a elas. Era um jóvem belíssimo da cintura para cima, mas, excitado pela presença feminina, exibe seu penis de cavalo com tamanho descomunal. As ninfas, ao vê-lo, fogem "em pânico" - o que sugere uma problemática sexual no cerne dessa sídrome.

Dafne, ninfa de beleza espetacular, atrai Apolo que se apaixona por ela e tenta seduzí-la. Em um primeiro momento, a jovem ignora a presença divina, mas Apolo insiste e Dafne foge desesperada. Para enganá-lo transforma-se em fêmeas de muitas espécies de animais. O deus não desiste e a persegue também  metamorfoseado na forma animal macho correspondente. Por fim Dafne, exaurida pelo assédio, implora que seu pai, o rio Peneu, a tranforme em uma árvore - o loureiro. Apolo, não podendo possuí-la, arranca-a do solo, leva-a a seu jardim e faz de seus ramos e folhas uma coroa de louros, manteno-a como eterna prisioneira. Nesse caso, a casca e o tronco da árvore podem ser vistos como a armadura protetora usada pela ninfa contra as demandas da sexualidade. Aqui temos a simbologia dos aspectos psicológicos da obesidade, em especial suas relações com a sexualidade.
                                    
Zeus, o divino deus olímpoco, amou Métis, a deusa da prudência, que concebeu uma filha, Atena.  Alertado, entretanto por um oráculo de que, se tivesse um segundo filho com aquela deusa, o menino seria maior que o pai. Então, para garantir seu lugar de deus supremo, devorou Métis, ainda grávida da primeira filha. Entretanto, a gestação da deusa Atena continuou no corpo de Zeus. Muito tempo se passou até o dia em que ele foi assolado por uma insuportável dor de cabeça. Nada conseguia amenizá-la. Desesperado, procurou seu outro filho, Hefeso, o deus artesão das forjas, pedindo-lhe ajuda. Hefeso então criou o machado, com o qual cortou o tampo da cabeça de Zeus. Nesse instante surgiu Atena, adulta, com 21 anos de idade, vestida e armada, soltando um grito de guerra em defesa do pai. 
Ao nos servirmos dessa realidade simbólica podemos olhar para nós mesmos, compreendendo e elaborando melhor os distúrbios  da nossa própria sexualidade. 
Nicéas Romeo Zanchett 
http://amoresexo-arte.blogspot.com/                                                   
                                                                           
                                                                                                                                       

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