VIDA, ESPÍRITO, LEIS E RELIGIÕES
Desde que tomou conhecimento de sua própria existência, o homem está em permanente busca do sagrado. Todas as religiões celebram ritos com a finalidade de confrontar com o divino. É desta forma que a geografia, ainda hoje, é transformada em cosmologia e o homem em seu centro transforma-se em "cosmocrata". O começo, tanto do tempo como da criação, permanece no centro e a partir deste ponto irradiam manifestações em círculos concêntricos. Esta experiência universal enconctrou sua expressão através de incontáveis danças e ritos religiosos celebrando as mais diversas tradições sagradas de todo o mundo.
O espaço sagrado facilita a orientação do devoto no tempo e no espaço, enquanto proporciona o marco central no "Axis Mundi" ou centro do mundo, para o culto que transforma o caos em cósmos e torna possivel a vida.
Na evolução da espécie, o homem, aos poucos vai tomando consciência da dependência mútua pela qual as influências circulam entre o universo e o corpo humano. Tentando a todo o momento intensificar a vida, experimenta o encontro com seu interior, como uma vida de maior profundidade e riqueza. O homem sente-se como medida de todas as coisas e no encontro consigo mesmo, busca a revelação divina que nele adquire forma e cor. Vendo seu corpo como um instrumento para encontro com o divino, segue as regras ditadas pelos "sábios" que considera em estágio superior de evolução que lhes orienta e dá o direito a um contato direto com o divino.
Em muitas culturas associam-se o eixo vertical e horizontal à imagem da "Árvore da Vida",onde o primeiro é o caminho de subida e descida do poder e o segundo sua manifestação na criação.
A anatomia humana, com seus seis pontos de orientação no espaço, dispõe de um sétimo ponto, invisível, onde se cruzam os eixos, o centro do homem, - lugar do coração - que serve de campo de batalha para as duas forças da vida: o bem e o mal.
Através de rituais o homem atinge um estado que o torna útil em sua tarefa de vida, o que implica na morte para posterior ressurreição num estágio superior de bem estar e bem servir ao poderoso do universo. O tema da morte como vida discorre com um fio através da história das tradições sagradas em todas as partes do mundo terrestre. A morte seguida da vida aparece como transformação de uma força indestrutível e única.
O núcleo de todos os cultos está no grande ciclo da vida, do nascimento à morte. A idéia fundamental é que a morte é a fonte de uma nova vida que consiste na ressurreição da matéria. Em termos religiosos isto significa o autosacrifício periódico em vista de uma vida superior. Até nos documentos do cristianismo o apóstolo Paulo teria dito: "Se semear um corpo natural, surge um corpo espiritual".
Em todas as crenças o criador é encarado como Deus que dita os princípios da ordem e justiça. No pensamento cristão, o mal surge exclusivamente do mundo criado, finito, o qual se submete à justiça divina.
A obediência e sacrifício constituem o elemento fundamental das religiões, como expressão de submissão total ao divino. A viagem tortuosa dos mortos é considerada primordial para a entrada no mundo superior.
Nas sociedades matriarcais venerava-se o feminino sob forma de grande deusa cujo corpo, em matéria tecida pelo tempo, dava continuidade ao universo inteiro. Era o símbolo de todos os processos de transformação, pois nele se uniram a terra, a água, o ar e o fogo. As ocasiões do nascimento, matrimônio (união sexual) e da morte eram consagrados e celebrados em sua honra.
Durante muitos séculos acreditou-se que o homem era produto do sobre-natural e que a maioria dos animais tinham origem na geração espontânea. Aos poucos foi-se comprovando que, numa ordem de dimensões crescentes, cada ser vivo tem seus próprios progenitores.
A idéia de que a vida tem como base o sobre-natural faz parte de quase todas as religiões e é defendida em todos os movimentos idealistas.
O problema da origem da vida ocupa um lugar central em todas as perguntas biológicas e filosóficas. Esta questão é de fundamental importância quando se fala da vida extra-terrestre. São inúmeras as teorias que tentam explicar esta origem, mas podemos sintetizar em três: 1- A vida não pode ser descrita em termos físicos e nem químicos, pois seria de origem sobre-natural; 2 - A vida teria origem na geração espontânea e a partir de matéria inerte, podendo surgir em qualquer lugar onda haja combinações químicas que permitam sua existência; 3 - A vida seria eterna, assim como a materia. Nessa condição a vida na terra teria surgido de uma série de combinações químicas progressivas.
A vida é um poder invisível, mas todos sabem que existe e é real. Não se pode confundir corpo físico com vida. A vida está dentro do corpo e não o corpo dentro da vida. O corpo funciona ou vive, mas como matéria não é vida.
Não haverá dificuldade de entender nossa origem e nosso destino se aceitarmos o fato de que somos simples energia em transformação. Portanto, somos parte da mente cósmica universal que sempre foi e sempre será vida.
Em 1850, Louis Pasteur, cientista francês, descobriu que mesmo as mais minúsculas das criaturas provinham de germes que populavam o meio ambiente. No final do século XX, Arthenius estabeleceu a hipótese de que a vida terrestre provinha da Panspermia, conjunto de organismos e esporos que viajavam de planeta em planeta e de sistema solar em sistema solar, e que eram produtores da vida em todo o universo. Entretanto esta teoria não explicava como aqueles organismos conseguiam sobreviver ao frio e às radiações dos espaços interestelares.
Uma vez descartada as hipóteses de geração espontânea e da Panspermia, permaneceu em pé a hipótese química. Este caminho foi trilhado por Thomas Henry Huxley - (1825 x 1895) e John Tyndal - (1820 x 1893), porém ambos tinham ideias muito vagas de como se poderiam realizar os processos químicos prebióticos.
Existe a convicção de que a atmosfera primitiva, que teria possibilitado o surgimento da vida, era muito rica em hidrogênio e pobre em oxigênio. Esta conclusão surgiu em 1929 quando se descobriu que o hidrogênio era o elemento mais abundante no sitema solar: aproximadamente 80% de sua massa total.
Nas teorias atuais a evolução da matéria se associa à edificação lenta e gradual, com formas complexas dos diversos elementos reconhecidos pela Química e pela Física.
Os atomos de hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio são os elementos mais comuns na constituição dos congregados moleculares que formam a estrutura dos seres vivos. Alguns constituintes vitais contém quantidades menores de enxofre e de fósforo. Metais que, em pequenas proporções, aparecem unidos a outras substãncias em certos processos químicos, tais como ferro, cobre, magnésio, cálcio, sódio, potássio, etc. também são essenciais à matéria viva. Estes elementos metálicos constituem talvez a relação mais patente dos seres do mundo animado com o mundo mineral.
A ciência evoluiu a ponto de explicar como surge a vida a partir da matéria, mas como ficam as religiões? Qual a importãncia que continuam tendo para o homem atual?
Quando os seres humanos passaram a viver em tribos, ou seja, em sociedade, surgiu a necessidade de uma organização com leis e normas para garantir a ordem e o respeito entre seus membros.
Hamurabi, rei da babilônia (1750 ou talvez 1730 x 1665 a.C.) criador do Império Babilônico, criou também as primeiras leis de que se tem notícia. Seu "Código de Hamurabi" é uma das leis mais antigas da humanidade e está gravado em uma estela cilíndrica de diorito, descoberta em Susa e conservada no Museu do Luvre. Foram leis feitas para proteger a propriedade, a família, o trabalho e a vida humana.
Contudo as leis humanas não são instrumentos capazes de garantir a ordem num mundo tão complexo e com tanta diversidade. Pela sua própria natureza, o homem só respeita a lei por temor e assim, para complementar estas leis civis, surgem as leis divinas que garantem que a justiça será feita por um poder superior que nunca pode ser enganado. Surgem as religiões para doutrinar os povos e orientá-los a não cometer crimes (pecados), incutindo em suas mentes que mesmo os crimes não conhecidos serão punidos por Deus. Dessa forma ficou muito mais fácil manter sob controle a crescente massa humana, cuja explosão demográfica descontrolada não poderia ser ordenada apenas pelas frágeis leis que só atingem crimes conhecidos. Com as crenças e religiões o homem passou a respeitar as ordens supostamente vindas de um poder supremo que lhe garantiria saúde, paz e prosperidade e, após a morte, teria garantido um lugar no idealizado mundo divino. Para o homem simples é mais fácil acreditar no sagrado do que compreendê-lo. Bem poucos são os que conseguem reunir os conhecimentos necessários que lhes permitam ver mais longe e assim romper o cárcere que os aprisionam a preconceitos e superstições. O mais cômodo é esperar a recompensa de uma vida melhor após a morte.
Ao longo da história da humanidade, a perversidade humana sempre esteve presente e assim é melhor que o homem seja subjugado por crenças e superstições, pois viver sem religião ou alguma crença o tornaria muito perigoso para sua própria espécie.
Hoje a maioria das pessoas tem conhecimento de que nosso corpo é feito de matéria e portanto somos poeira estelar, mas estamos muito longe de entender as muitas leis do invisível. Deus é a soma de toda a energia do universo.
E o espírito? Seria ele uma força invisível que ainda pouco conhecemos? Será que é o espírito que domina a matéria cuja ordenação química possibilita o surgimento da vida? Teria o espírito surgido e evoluído como a matéria? Estas perguntas podem nos levar às mais diversas dimensões, mas estamos longe de entender tudo sobre a vida humana ou animal.
Vivemos num mundo onde tudo é veloz e com muita urgência buscamos respostas que só o tempo poderá dar. Ora, considerando que o universo surgiu à cerca de 15 bilhões de anos; o sistema solar, e com ele a nossa terra, teria surgido a 4 ou 5 bilhões; a vida sob forma de organismo multi-celulares que, sengundo estudos recentes, teria surgido a apenas 3.100 milhões de anos; os organismos multi-celulares que surgiram a apenas 1.100 milhões de anos; os dinossauros teriam surgidos a cerca de 225 milhões de anos e desaparecidos a apenas 65 milhões; o Homo erectus - expécie extinta do hominídio - viveu entre 1.800 mil a 300.000 anos; podemos concluir que somos seres recentemente criados. Jesus Cristo - que deu origem à era cristã - teria nascido a apenas pouco mais de 2.000 anos. Porque temos tanta pressa? Somos apenas uma micro-fagúlha do universo e ele tem todo o tempo do mundo para nos aprimorar, nos ensinar e, quem sabe, nos extingüir.
Quando entramos na era industrial, a pouco mais de 100 anos, criamos mecanismos de desequilíbrio entre a vida e a natureza. Agora, o homem que pensava tê-la dominado descobre a própria impotência diante de suas manifestações e busca através de suposta proteção ao meio ambiente reconciliar-se com ela. Mais uma vez as atitudes são motivadas pelo medo. Será a ecologia a mais nova religião?
Nicéas Romeo Zanchett
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com/
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