O CELIBATO CLERICAL - ABSTINÊNCIA SEXUAL
O celibato já existia no século I, entre os eremitas e monges. Naquela época era considerado um estilo de vida opcional, alternativo. Foram os políticos medievais que deram origem à disciplina do celibato clerical obrigatório.
O primeiro celibato obrigatório da Igreja Católica foi decretado pelo Concílio de Elvira (295 x 302). Elvira era uma simples província romana e por isso essa decisão não foi cumprida por toda a Igreja. Já o Concílio de Nicéia (323), do Imperador Constantino, decretou que "todos os membros do clero estão proibidos de morar com qualquer mulher, com exceção da mãe, irmã ou tia".
Foi no ano 313 d.C. que o imperador romano Constantino legalizou o cristianismo dentro do império e, dando continuidade a seu plano de poder, construiu muitos templos e igrejas permitindo assim o seu crescimento em grande escala. Com a legalização, no ano 380 d.C. sob o governo de Teodósio, a igreja primitiva mudou de um grupo de pequenas comunidades perseguidas na fé para um poder mundial.
Com o cristianismo sendo a religião oficial do Império Romano, muitas coisas mudaram para os cristãos. Seus líderes deixaram de se esconder e passaram a receber pagamento pelos seus trabalhos eclesiásticos com privilégios especiais na sociedade romana. Esses privilégios atraíram os membros da elite que eram homens treinados na vida política. Foi então que surgiram os primeiros padres sem nenhum embasamento bíblico. Com a elite política usufruindo das benesses da igreja institucional, emergiu uma espécie de imitação do governo romano dentro da Igreja Católica. Governantes e súditos começaram a substituir as pequenas comunidades embasadas na família, as quais eram servidas por um sacerdócio local casado. Com o passar dos anos os novos padres romanos agiram, nas pequenas comunidades, no sentido de retirar a autoridade dos padres que eram casados a fim de consolidar o poder político ao seu redor. Com a assistência do império romano, a liderança da igreja tornou-se uma hierarquia afastada das origens familiares. Criou-se a mentalidade de que essa classe governante estava acima do povo e que eram representantes oficiais de Deus na terra.
Com o passar dos anos diversas mudanças aconteceram retirando os direitos do povo em favor dos políticos romanos. Istituiu-se a prática de que somente homens tivessem autoridade institucional. A Igreja Romana desviou-se dos costumes incentivados pelo Senhor Jesus Cristo, que sempre exaltava o papel da mulher na família e na sociedade. Elas tiveram sua condição rebaixada e assim criou-se o celibato clerical. O celibato passou a ser defendido como essencial, uma vez que celibatários eram mais livres e disponíveis. Com o tempo o novo clero regular foi se destacando em relação ao clero secular familiar. Mas nas "Sagradas Escrituras" não há nenhuma determinação a esse respeito.
Ao longo do tempo, para ampliar poderes políticos e econômicos, o celibato adquiriu o status de espiritualidade especial, começando a denegrir a santidade matrimonial e a vida familiar. A antiga prática romana de abster-se das relações conjugais, para conservar energia antes de uma batalha ou de um evento esportivo, enconctrou seu caminho na prática litúrgica. Aos padres casados foi ordenado absterem-se de intimidade sexual com suas esposas na véspera da celebração das missas. O celibato tornou-se outra oportunidade política nas mãos dos padres e bispos ambiciosos. Os oportunistas, que eram celibatários, usavam sua condição como ferramenta no sentido de diminuir a influência dos padres casados criando desconfianças sobre suas reais abstinências sexuais. Com essa nova atitude negativa em direção às mulheres, a abstinência sexual começou a emergir na hierarquia, a qual se colocou em árduo contraste à saudável perspectiva familiar pregada por Cristo, que era objetivo central da igreja primitiva. O celibato foi então estabelecido
como o mais elevado estado de santidade e conseqüente supressão do sacerdócio casado.
No ano 366, o Papa Damásio começou a perseguir o sacerdócio casado quando declarou que os padres podiam continuar a casar, porém ficavam proibidos de fazer amor com suas esposas. Tanto os padres como o povo regeitaram essa nova lei.
No ano 385, o Papa Sirício abandonou a própria esposa e os filhos a fim de ascender à posição papal. Ao subir ao poder, imediatamente decretou que nenhum dos padres poderia mais continuar casado, porém, até hoje, não conseguiu obediência à sua lei.
Essa preocupação desmedida com a sexualidade clerical sempre foi contrária às relações normais do ser humano e fora do andamento natural da vida, conforme reconhecido por todas as religiões e seitas como algo estabelecido por Deus.
No ano 401, Santo Agostinho escreveu: "Nada tão poderoso para neutralizar o espírito de um homem como a carícia de uma mulher".
A crescente atitude contra a sexualidade e as mulheres foi a odiosa forma encontrada para controlar os aspectos íntimos da vida das pessoas e essa prática prossegue até os nossos dias.
Não foi por obediência às "Escrituras", mas por conveniência política que a Igreja Católica Romana se colocou contra o divórcio. A hierarquia da igreja medieval estava em luta com muitas monarquias e famílias reais através da Europa. Com a capacidade de controlar os casamentos reais, a igreja percebeu que poderia influenciar as alianças políticas e manipular os assuntos de Estado. Proibiu o divórcio e um segundo casamento, e quem não observasse suas novas ordens seria punido com a privação de sacramentos da instituição.
No século XI, os ataques contra os padres casados aumentaram de intensidade. Em 1074, o Papa Gregório VII legislou que qualquer homem que fosse ordenado padre deveria, antes, declarar o celibato. Prosseguindo seus ataques contra as mulheres e à sexualidade, Gregório declarou publicamente que "a Igreja não pode escapar das garras do laicato, a não ser que padres escapem das garras de suas esposas".
Em 1095 houve uma escalada de violência contra os padres casados e suas famílias. O Papa Urbano II ordenou que os padres casados que ignorassem a lei do celibato fossem aprisionados para o bem de suas almas. Em seguida ordenou que as esposas e seus filhos fossem vendidos como escravos, que os bens da família fossem desapropriados, e que o diheiro apurado fosse levado aos cofres da Igreja.
Os esforços para consolidar o poder na hierarquia medieval com a desapropriação dos bens e das terras das famílias dos padres casados alcançaram o ápice em 1139.
O celibato clerical foi definitivamente oficializado, com legislação específica, no Concílio de Latrão, sob o papado de Inocêncio II. A motivação das leis foi adquirir terras, com desapropriações, em toda a Europa, fortalecendo assim o poder do papado e da Igreja.
Usando uma linguagem convincente, a lei do celibato falava em pureza e santidade, mas o seu verdadeiro objetivo era consolidar o controle sobre o clero mais baixo e eliminar qualquer confrontação aos objetivos políticos na hierarquia medieval. Com isso a respeitável tradição do sacerdócio casado foi virtualmente diluida pelo celibato forçado.
A maioria dos atuais problemas em relação à vida sexual dos padres e bispos, casados ou não, tem origem no passado histórico da igreja. Nos últimos anos, mais de 100.000 padres católicos, no mundo inteiro, casaram e continuaram a praticar discretamente o sacerdócio. Nos Estados Unidos, atualmente, em cada três padres um é casado e esse número continua crescendo. É interessante observar que esses novos padres praticam um sacerdócio com uma compaixão mais profunda pelas pessoas e não as consideram seres inferiores ao clero. Os padres casados entendem as necessidades especiais dos católicos divorciados que desejam contrair um segundo matrimônio com cerimônias cristãs. Principalmente as mulheres se mostram profundamente comovidas pela honestidade e respeito demonstrados por esses padres às suas esposas e pela sensibilidade que demonstram diante dos problemas femininos.
Uma pesquisa recente, feita nos Estados Unidos, indicou que 70% dos americanos aprovam o casamento dos padres. Entretanto, o Vaticano continua irreversível. Quando um padre celibatário resolve casar, não lhe é dada opção alguma que não seja a de assinar enorme quantidade de papeis dizendo que não tem vocação para o sacerdócio, que é psicologicamente instável e moralmente fraco. Um verdadeiro retrocesso aos hábitos medievais.
Cada lei celibatária é referida como Cânon. O Cânon 290 determina a indissolubilidade do sacerdócio quando diz: "Após ter sido recebida validamente a ordenação, ela jamais poderá ser invalidada". Portanto, para os cristãos, esta lei confirma que os sacramentos dados aos fiéis pelos padres casados são tão válidos como os dos celibatários.
O celibato obrigatório é uma lei feita pelo homem medieval que tem trazido enormes problemas, com relação ao sexo, para as igrejas católicas no mundo todo. O corajoso bispo Ulrich de Ímola agumentou que a igreja não tinha o direito de proibir o casamento dos padres e aconselhou os bispos a não abandonarem suas famílias. Ele disse: "Quando o celibato é imposto, os padres cometem pecados muito maiores do que fornicação". O grande número de prisões de padres envolvidos em má conduta sexual, principalmente a pedofilia, tem comprovado o quanto ele estava certo. As evidências criminais comprovam que o celibato obrigatório está diretamente ligado aos diversos abusos sexuais cometidos pelos padres.
As saudáveis origens da família, do amor entre homem e mulher, pregado por Cristo, foram desperdiçados com a supressão do sacerdócio casado, principalmente com a desvalorização das mulheres pela igreja.
O recente Papa João Paulo II declarou que o celibato não é essencial ao acerdócio. O movimento começa a ganhar espaço entre os fiéis mais conscientes, e algumas mudanças na igreja têm acontecido atravês de iniciativas do povo.
Com a queda do Império Romano, a Igreja Católica Cristã cresceu muito em poder econômico e político, tornando-se uma poderosa organização milenar que congrega fiéis em todo o mundo. Mas, em pleno século XXI, ela não poderá continuar parada no tempo medieval, sob pena de ver seu poder minguar. A escassez de padres celibatários está causando o fechamento de paróquias e ameaçando a disponibilidade de missas e outros sacramentos, que são atividades essenciais da comunidade cristã. Os estudos feitos sobre o assunto, inclusive pela própria Igreja, sobre essa crise - falta de padres ativos - vai piorar nos próximos anos. A maioria dos atuais padres celibatários é idosa e não tem condições de atender ao crescente número de católicos e, portanto, está em estado de emergência.
O sexo é uma necessidade biológica e um instinto natural de todos os seres vivos. O homem moderno evoluiu muito, mas seus hormônios continuam na era ancestral.
Nicéas Romeo Zanchett
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