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quarta-feira, 17 de julho de 2019

OS VERDADEIROS BERÇOS DA CIVILIZAÇÃO - Nicéas

                Onde começou a civilização? Se confiarmos nos geólogos, as áridas regiões da Ásia central já foram mais úmidas, temperadas e nutridas por grandes lagos. A recessão da última onda de gelo lentamente ressecou essa área, e a falta de chuvas já não permitiu ali a expansão do homem em cidades e estados. As cidades existentes foram abandonadas, à proporção que os Homens refluíam em várias direções em procura de água; semienterradas no deserto jazem ruínas como as de "Bactra", que devia ter esfervilhado de população dentro da sua área de 22 milhas de circunferência. Em 1868 uns 80.000 habitantes do Turquestão ocidental foram obrigados a emigrar; suas terras estavam sendo inundadas de areia solta. Muitos estudiosos admitem que essas regiões, hoje mortas, assistiram aos primeiros desenvolvimentos do que constitui a civilização. 
                  Em 1907 Pumpelly desenterrou em Anau, ao sul do Turquestão , vasos e outros remanescentes duma cultura possivelmente datável de 9.000 a. C e também possivelmente exagerada de quatro mil anos.  Cultivavam-se os cereais, usava-se o cobre, domesticavam-se animais e ornavam-se os vasos em estilo que sugere muita tradição anterior. Aparentemente a cultura do Turquestão já era velha em 5.000 a.C. Talvez possuísse historiadores que investigavam o passado, na vão procura das origens da civilização, e filósofos que eloquentemente lamentavam a degeneração duma raça de cadente. 
                 Deste centro, um povo tangido pela seca emigrou em três direções, levando consigo suas artes e sua civilização. Essas artes foram ter à China, à manchúria , à América do Norte; ao sul da Índia; e a oeste, a Elam, à Suméria, ao Egito e mesmo à Índia e a Espanha. Em Susa, na antiga Elam (moderna Pérsia), foram encontrados restos tão semelhantes aos encontrados em Anau que a hipótese de migração muito se afirma. Um igual parentesco de artes e produtos sugere idêntica ligação histórica entre o Egito e a Mesopotâmia. 
                      Não podemos ter certeza sobre qual destas culturas aparecem em primeiro lugar, o que, aliás, pouco importa. Se aqui voltarmos honrosos procedentes e colocarmos Elam e a Suméria antes do Egito, não o faremos por espírito de inovação, mas porque a idade destas civilizações asiáticas, comparada com as da África e da Europa, aumenta às proporção que o nosso conhecimento a respeito cresce. Todas as probabilidades são hoje de que o rio delta dos rios da Mesopotâmia fosse o espectador das mais velhas cenas do drama histórico da civilização.
                  É certo que provavelmente já existiram muitas civilizações que por razões diversas desapareceram. Não podemos deixar sem menção as lendas correntes sobre as civilizações destruídas por catástrofes da natureza ou por guerras e que deixaram traços visíveis atrás de si; O recente desaparecimento das civilizações de Creta, Suméria e do Iucatã vem dar apoio a essas lendas. 
                O Oceano Pacífico acumula as ruínas de, pelo menos, uma dessas perdidas civilizações. A gigantesca estatuária da Ilha de Páscoa, a tradição polinésia  de poderosas nações que em tempo remotíssimo se formaram na Samoa e no Taiti, a capacidade artística e a sensibilidade poética de seus atuais habitantes, indicam uma glória passada, mostram um povo que não se está erguendo para a civilização, mas que decaiu da civilização para um estado inferior. É no Oceano Atlântico, da Islândia ao Polo do Sul, a elevação central marítima dá algum apoio à lenda que Platão de modo tão fascinante nos transmitiu, da civilização florescida num continente situado entre a Europa e a Ásia e que de súbito foi tragado por uma subversão geológica. Schliemann, o ressuscitador de Troia, admitia que a Atlântida fosse a ligação entre as culturas da Europa e do Iucatã, e que a civilização egípcia proviera da Atlântida. Talvez a própria América fosse parte da Atlântida, e alguma cultura pré-maia estivesse em contato com a Europa e a África nos tempos neolíticos. Possivelmente cada descoberta é uma redescoberta.
                 Também muito provável, como o admitiu Aristóteles, que várias civilizações se formaram, com grandes  invenções e luxo, e foram destruídas e obliteradas da memória humana.  A história, disse Bacon, é um palco de naufrágios; o que se salvou do passado é muito menos que o que se perdeu. Nós nos consolamos com o pensamento de que assim como a memória individual perde a maior parte das experiências  do homem por motivos de sanidade, ou insanidade, assim também a raça humana só preservou das suas experiências culturais o que era mais vivido - ou mais bem fixado. Mesmo que essa herança racial fosse apenas um decimo mais rica do que é, ninguém poderia absorvê-la toda. A história já cheia demais. 
                  O homem moderno, mais do que nunca corre o risco de extinção. Três fatores estão presentemente ameaçando a raça humana e também os demais seres vivos que com ele coabitam. Vírus que ameaçam dizimar populações inteiras, como é o caso do Ebola;  as superbactérias, para as quais o ser humano não está conseguindo antídoto eficaz; o aquecimento global que, pouco a pouco, está invadindo as terras juntos ao mar; a poluição ambiental que irá transformar o organismo dos atuais seres vivos. A, cada dia mais presente, ameaça de um cataclismo nuclear.  Certamente daqui a mil anos uma civilização bem avançada irá estudar o que aconteceu com a nossa atual civilização. 

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