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segunda-feira, 15 de julho de 2019

A HISTÓRIA DA IMPRENSA E SUA IMPORTÂNCIA - Nicéas

             Graças à invenção dos caracteres móveis e do prelo tipográfico, o homem rompeu o círculo em que se encontravam aprisionados suas ideias e seus parcos conhecimentos para entrar na luz do saber e da linguagem universal. Hoje a imprensa é a real e máxima expressão do pensamento social. 
                Antigas lendas, transmitidas a nós através dos tempos, atribuem ora a um ora a outro país da Europa a origem da imprensa, fazendo-a derivar de sinetes e moldes de ferro para imprimir figuras e palavras sobre pergaminhos, encadernações de couro e cartas de baralho, ou de imagens e manuscritos gravados sobre madeira. Mas tudo isso é apenas impressão e nada tem a ver com aquela arte que conseguiu, mediante o emprego de caracteres (letras móveis), compor e depois imprimir as palavras,  os livros e os jornais. Sabe-se que o conhecimento desse processo já era, há séculos e séculos atrás, patrimônio do Oriente, e que da China a prática passou para o Japão. Existem, ainda, livros impressos na Coréia, com caracteres móveis, cerca do ano 1330. 
             Agora, pelo que diz respeito à arte tipográfica do Ocidente, já está pacificamente reconhecido por certo que ela nasceu na Alemanha, lá pelo ano de 1450, e que dali passou primeiro para a Itália, depois Suíça, França, Holanda e Bélgica. 
               O mérito da invenção, considerada a mais importante para o progresso da civilização, é atribuído a João Gensfleisch, mais conhecido pelo sobrenome materno GUTEMBERG, nascido em Mogúncia, cerca do ano 1400. 
              Gutemberg, hábil fabricante de espelhos, devido a um revés da fortuna, emigrara para a Holanda, a fim de começar vida nova. 
              Certo dia, viu um artesão gravando letras numa pequena tábua. "Se eu recortar todas as letras dessa tabuinha", pensou, "e depois as reunir de maneira diferente, poderei compor qualquer palavra, qualquer frase, e até uma página inteira..."
                 A primeira ideia de imprensa nasceu assim, e daqui até à sucessiva aplicação de caracteres móveis (a princípio de madeira e depois de metal fundido) não se deveria esperar por muito tempo. Resulta, de fato, de documentos e testemunhos, que, em 1439, Gutemberg tinha estado em Estrasburgo, onde, parece, ensaiava as primeiras experiências tipográficas. Cerca de dez anos depois, retornava à pátria e, ajudado por Johaann Füst, começou a imprimir. 
               O primeiro documento tipográfico é uma folha de papel, cujo texto é uma carta de indulgência concedida pelo Papa Nicolau V àqueles que haviam contribuído para a  Cruzada contra os Turcos. Segue-se o primeiro livro:  a grande Bíblia, conhecida pelo nome de Bíblia Mazarina, a qual já constitui uma obra-prima de arte tipográfica. Mas este livro, terminado por Gutemberg pelos fins de 1455, ou princípios de 1456, precede outro livro impresso, maior celebridade cabe ao Psalterium editado em Mogúncia (Alemanha) em 1457, por Johann Füst e Peter Snöeffer, porque se trata da primeira edição tipográfica que traz impressa a indicação do ano em que foi feita e o nome do tipógrafo. 
                Neste ponto, devemos acrescentar que outra fonte atribui a invenção da imprensa ao médico Pafilo Castaldi da Feltre (que viveu entre 1398 a 1479). Sugundo tal suposição, os folhetos por ele impressos, em a461, aparecem antes que se tivesse notícia, na Itália, da invenção alemã. Parece, realmente, que só em 1465 o cardeal espanhol Torquemada, encontrando-os em Subiaco, convidou para irem visitá-lo, no mosteiro, alguns impressores alemães, que ali compuseram belissimas obras. Está positivado, todavia, que Castaldi foi o primeiro a exercitar, a serviço da Sereníssima, essa arte na Itália. A península pode gabar-se, portanto, de ter servido de berço aos mais famosos tipógrafos do mundo, entre os quais cabe o primeiro lugar a Aldo Manúzio, nascido em Bassano, em 1449. Manúzio, verdadeiro príncipe e aperfeiçoador dessa arte, imprimindo, em sua própria oficina, em Veneza, maravilhosos volumes, compostos com caracteres de sua criação, denominados, ainda hoje, aldinos, derivados do nome do inventor. 

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               Já vimos que o vocábulo imprensa é sempre mais comumente empregado para definir, indiferentemente, vários processos de impressão, tais como aqueles sobre tecidos, madeira, couro, metal etc., ao passo que se deveria empregar, em cada um destes casos, termos mais apropriados (calcografia, litografia, xilografia etc.) A arte de imprimir, real e própria, é aquela que se explica com duas bem distintas preparações: a a composição e a impressão. Em cada tipografia, seja particular (isto é, de proporções reduzidas) ou industrial, existem duas seções separadas: aquela para a composição (a  cargo dos linotipistas e tipógrafos) e aquela da impressão (a cargo dos impressores). A composição é feita, em alguns casos, ainda em nossos dias, a mão e, em outros, a máquina. Na composição manual, são empregados tipos obtidos, geralmente, com uma liga metálica, composta de chumbo, antimônio e estanho. Os caracteres, mais comumente chamados tipos, (isto é, modelos de letras avulsas) são móveis. Além das letras sigelas, os tipos compreendem, também, os números isolados, os sinais de pontuação e os chamados espaços tipográficos, os quais servem para espacejar palavras, e os brancos, que servem para distanciar as linhas entre si e enquadrar a composição. os tipos, que são fundidos nas respectivas matrizes, podem ser de várias espécies, ou seja, de várias formas, tamanho e espessura, mas cada série consta de uma coleção completa de caracteres, que garante a uniformidade de uma determinada impressão.  Os tipos são produzidos por fábricas especializadas, chamadas Fundições de Tipos. Cada tipo consta de um minúsculo bloco retangular, bastante alongado, e que, sobre uma extremidade chamada "olho" traz em relevo, uma letra, feita em sentido inverso ao normal para que, uma vez impressa, se possa lê-la no sentido exato, ao passo que a outra extremidade se denomina pé. (Dê uma olhadinha num caringo, que é muito comum e certamente você tem em casa, e assim ficará mais fácil entender.) Num dos lados, se encontra uma minúscula cavidade que serve ao compositor para reconhecer o verso, assim que todos os tipos estejam voltados para o lado certo. 
                     O operário compositor apanha, com o pólice e o índice da mão direita, da caixa de tipos, as várias letras de que precisa para formar as palavras. Estas, convenientemente espacejadas, formam uma linha. O comprimento ou "exatidão" de cada linha é estabelecido com precedência e calculado em "pontos". Mais linhas, regularmente distanciadas e postas em colunas, constituem a composição que deverá, a seguir, ser impressa no papel. Uma pinça apropriada lhe servirá, depois, para corrigir os erros eventuais (gatos) para o que extrairá da composição os tipos erradamente inclusos ou de cabeça para baixo, e os substituirá por aqueles certos. 
                  A composição feita baseada no texto original, que deve ser reproduzido e impresso. Executada a composição, o trecho, estreitamente ligado com barbante, para evitar que as letras fiquem fora de lugar, é colocado no tira provas, ou seja, um quadro de ferro, que os conserva bem apertados. Este, devidamente aplainado, é recoberto de tinta por um rolo adequado; em seguida, sobre a composição, se coloca uma folha de papel coberta por um papelão, Exercitando sobre o tira provas uma impressão por meio de um segundo rolo, se obtém a primeira impressão da prova, que serve para controlar o acerto da composição. Sobre a base da prova é feita a primeira revisão. Faz-se uma segunda prova, sobre a qual será feita segunda revisão, nem sempre definida. 

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                 É evidente que a composição manual resulta mais apurada, mas também mais longa e custosa, e por isso é intuitivo que, depois do advento da compositora mecânica, a indústria da imprensa se tenha voltado para esta, reservando o trabalho manuel para a composição de poucas linhas ou para publicações de luxo. As compositoras mecânicas são de dois tipos: uma que, simultaneamente, compõe e funde linhas inteiras escritas, e outra, que funde os tipos móveis e imediatamente depois compõe as linhas com tais caracteres. A primeira, indo pela ordem de tempo, é a Linotipo, aquela que revolucionou a impressão tipográfica. Até 1882, tinham sido registradas patentes para compositoras mecânicas (a primeira patente de invensão tinha sido concedida a Leroux, em 1843, por uma ideia rudimentar de compositora de fusão de tipos) realização, porém, nunca alcançou sucesso. Em 1886, um jovem emigrado da Alemanha, Ottmar Mergenthaler, então com trinta e dois anos de idade, realizou sua primeira experiência nas oficinas  da Tribune, de Nova Yorke. Ele bateu sobre o teclado da máquina, que, após um ronco e um estalo, deixou cair um minusculo e brilhante lingote de metal, quase da largura de uma coluna de jornal, no qual se viam oito palavras: O editor da Tribune exclamou, com entusiasmo: "A line o type!" (uma inteira linha impressa) frase com que foi batizada aquela portentosa máquina. 
                Na realidade, aquele milagre custara anos de estudos e de trabalho. Em 1867, Mergenthaler conhecera, em Baltimore, onde trabalhava numa fábrica de instrumentos de precisão, um indivíduo que, para seus trabalhos de copista, adquirira uma máquina litográfica (baseada na reprodução da escrita uma chapa de pedra) Isso sugeriu a Mergenthaler a ideia de que seria possível construir uma máquina de escrever que, imprimindo as letras em papelão, produzisse um modelo, sobre o qual, derramando-se metal fundido, se poderia formar uma linha de composição. 
              Mergenthaler, mesmo levantando muitas objeções quanto aos defeitos de semelhante sistema, pôs mão à obra e, durante dois anos, continuou a realizar experiências e a desenhar vários projetos, sem encontrar algum que o satisfizesse.  Improvisadamente, teve uma grande ideia: ao invés de papelão, passaria a usar um modelo de metal, pondo-o em contato com uma liga de chumbo para formar os caracteres. 
                 Mais dois anos de estudos, e a máquinas chegou a alcançar um notável grau de perfeição, mas somente no ano de 1886 ele pode sentar-se diante do teclado de sua criação que, naquela época, qualquer pessoa poderia chamar de "maquina pensante". Cada uma das noventa teclas comandava um tubo vertical onde se encontravam armazenados tipos de determinada letra, libertados cava vez que o teclado era premido, corriam ao longo de uma linha e iam formar, regularmente, a linha de composição. Neste ponto o metal fundido coava por uma fresta sob os moldes, dando lugar subitamente à impressão da própria linha. 
                Então, automaticamente, um braço metálico levantava os moldes para a parte superior da máquina e, afastando-os lateralmente, fazia-os recair cada um no próprio tubo-depósito. Dessa maneira, podiam ser impressas, com rapidez e de modo perfeito, uma linha após a outra. 
                  A linotipo de Ottmar Mergenthaler foi, a princípio, combatida pelos tipógrafos, porque executava o trabalho de sete compositores, mas bem cedo se demonstrou bastante providencial, pois deu vida a centenas de indústrias, propiciando trabalho a milhões de operários e empregados.  Ela tornou possível, outrossim, maior difusão da cultura, contribuindo para diminuir o custo da impressão. 
                  Em 1889, Mergethaler criava um modelo aperfeiçoado da Linotipe de 1866, mais veloz e bem mais resistente. E é este tipo de máquina, pouco incômoda e bastante silenciosa, que compõe, hoje, a maior parte dos nossos jornais e revistas. 
              O segundo tipo de máquinas atualmente em uso é a Monotipo, que, diferentemente da Linotipo, compõe-se de duas partes bem distintas: o teclado e a compositora-fundidora. Inventada, nos primeiros anos de nosso século, pelo americano Tolbert Lanston, ela assinala, realmente, um passo adiante na arte tipográfica, pois permite a correção da composição, sem que sejamos obrigados a refundir a inteira linha. 


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               Voltemos agora às provas de impressão, que foram enviadas ao revisor ou ao autor, para revisão. Procedida a correção definitiva, o chefe da oficina passa o trabalho impresso ao paginador, dando-lhe as instruções necessárias para providenciar o formato regular dos "pedaços" da composição. Estes são postos em colunas e distribuídas na página, com oportunos intervalos e espaços para iluminação, títulos, subtítulos e eventuais frisos ou molduras, segundo o desejo do cliente ou o modelo fornecido pela redação, quando se trata de jornal ou revista. 
                Agora, vamos a um olhar retrospectivo nas primeiras máquinas de impressão. A prensa de madeira, a mão, criada pelo próprio Gutemberg, ao qual foi sugerida a ideia ao ver um espremedor de uva, pontificou, com sucessivas, mas não muitas modificações, por mais de três séculos. 
                 Em 1805, o editor do grande diário londrino "Times" convidou dois mecânicos alemães, o Koenig e o Bauer, para estudarem um novo tipo de máquina, que tornasse mais célereo trabalho de impressão. Os dois atiraram-se à obra com o maior empenho, e a primeira impressora foi inaugurada, com êxito, em 1811. Ela sofreu novas e várias modificações, que a tornaram bastante apreciável. Koenig e Bauer voltaram para a Alemanha e abriram, nos locais de um antigo convento bávaro, a primeira fábrica de máquinas impressoras. E foi dessa fábrica que saíram, também, as primeira impressoras a cilindro. Ainda hoje a firma Koenig & Bauer é uma das mais importantes do mundo, quanto à produção de material tipográfico. 
                 Atualmente, as máquinas para impressão tipográficas são de múltiplos modelos, dos quais daremos aqui uns leves traços. 
              Suponhamos agora que uma folha (popr exemplo, um manifesto) deva ser impresso somente na face anterior. Nesse caso, bastará preparar uma única forma, que imprimirá apenas a página desejada. Este tipo é muito usadonas tipografias pequenas, porque serve unicamente para impressos de uso corrente (ou para cartas, envelopes, listas, manifestos etc.) A mais simples é a denominada platina, de um plano, em que é colocada a folha de papel para impressão. Esta se fecha como um livro sobre a composição e torna a abrir-se, para permitir a extração da folha impressa. A composição é novamente banhada de tinta, por meio de rolos, que recebem a tinta de um disco de metal ou de um cilindro de ferro e a redistribuem sobre os tipos, antes da impressão de cada folha. 
                Quando uma folha, ao invés, deva ser impressa em ambas as faces, para não ser passada duas vezes pela impressão, empregam-se máquinas capazes de conter as duas composições, isto é, aquela da face anterior (verso) e aquela da face posterior (anverso). Estas máquinas são usadas especialmente para a impressão de livros (máquinas planas ou a cilindro). 
              Há vários tipos de máquinas a cilindro. As mais Modernas são aquelas de carrinho, para grandes formatos. Nestas, a composição, devidamente entintada, corre para cima e para baixo, num plano horizontal, imprimindo as folhas, que são postas em contato com ele, e enrolando-as em torno de um cilindro fixo à medida que o pega-folhas as retira. 
                As máquinas para imprimir em várias cores diferem das demais, quanto à estrutura, por isso devem ser consideradas máquinas múltiplas. Nestas, a composição é dividida em dois ou mais blocos separados, cada um dos quais é umedecido com tinta da cor desejada. 
                Estas máquinas permitem poupar tempo na execução do trabalho, porque, imprimindo sucessivamente, na mesma folha, as várias partes diferentemente coloridas, evitam ter que repassar diversas vezes a folha na máquina, para cada cor. Em tal modo, conseguem-se todos os efeitos desejados, alcançando, além disso, uma alta precisão (máquinas planas para duas cores). 
               As rotativas, finalmente, constituem um tipo de máquina moderna, que serve para a tiragem rápida de jornais ou revistas de grande difusão. Tais máquinas ocupam um lugar especial no grande conjunto da técnica tipográfica. De fato, para imprimir nas rotativas, a composição não é executada com caracteres móveis, mas segundo o sistema de estereotipia. Trata-se de um processo um tanto simples. Sobre macios cartões, são impressas, a forte pressão, as páginas da composição. Obtêm-se, assim, as matrizes, chamadas flans, sobre as quais é derramado o chumbo derretido. Conseguem-se, então, páginas de composição de uma só peça e da espessura de cerca de 5 milímetros, que, montadas em blocos de alumínio, servem para imprimir. Estes cilindros, entintados pelo sistema contínuo, giram incessantemente sobre o papel (contido numa espécie de bobinas enormes), que é celeremente levado a contato com eles. Obtida a impressão, as folhas são mecanicamente cortadas e dobradas na maneira desejada. E o jornal está feito! 
                   O título de qualquer publicação faz parte desta. E nenhum periódico se pode publicar sem que todos os seus números insiram, bem no alto da primeira página, os nomes do diretor, editor e proprietário, indicação da sede da administração e do estabelecimento onde foi impresso. 
                E, nos países livres, a todos é lícito manifestar livremente seu pensamento, por meio da imprensa. 
                Esta é a história da imprensa, linguagem viva e universal, porque difunde de um canto a outro do globo o pensamento, as ideias e os conhecimentos humanos. Ao operário e ao seu humilde prelo, cabe, portanto, o privilégio de serem erigidos a símbolo da moderna civilização.
              Existem ainda outros processos empregados na imprensa, tais como a Litografia, ofsete  etc., mas desses falaremos oportunamente em outro documentários. 


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