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terça-feira, 31 de julho de 2018

HISTÓRIA DE ROMA E O RAPTO DAS SABINAS - Por Nicéas Romeo Zanchett


                 Para entender melhor o rapto das sabinas, vamos relembrar um pouco da história de Roma. 
                  Ela começa por um período mais ou menos clássico ou lendário, durante o qual reinaram sete reis sucessivos (de 754 a 510 a.C.). 
                    A República foi proclamada em 510, quando a população romana era, então, resultante da fusão dos romenes (latinos), dos ticienes (sabinos) e dos luceres (etrusco). A implantação da República deu lugar à criação de novas funções, tais como o Consulado e  a Ditadura. As lutas entre patrícios e plebeus duraram até o ano 300 da nossa era. Após consolidar seu interior, Roma passou à conquista da Itália (296 a 270) e, de 264 a 201, travou as duas guerras púnicas contra Cartago, que só terminaram com a destruição dessa grande rival, em 146 (terceira guerra púnica). A seguir, Roma^reduziu a Grécia a província romana, intervindo no Oriente, mas passando a receber a influência benéfica dos helenos derrotados. Em breve tempo, Roma se tornou senhora do mundo de então e, em 31 a.C, Otávio, seu grande general, foi proclamado imperador (imperatur), sob o nome de Augusto. Com a morte deste (em 14 depois de  Cristo) o poder supremo passou aos Césares (Tibério, Calígula, Claudio, Nero, etc.) e depois aos Flávios (Vespasiano, Tito, e Domiciano). 
                   A história mais antiga dos povos e das cidades se confunde geralmente com a lenda. Essa lenda se entrelaça com aquela da famosa guerra de Troia, cantada também pelo poeta Homero, na Ilíada, que foi travada mais de mil anos antes de Cristo, na longínqua Ásia Menor. 
                 Conta-se que, quando os Gregos, vencedores, conquistaram e arrastaram aquela cidade, todos os heróis troianos foram massacrados, com exceção de Enéias, filho de Aquiles e, da deusa Vênus. Ele conseguiu fugir da cidade em chamas, com seu filhinho Iulo e o velho pai. Aquiles e, depois de uma longa e aventurosa viagem, chegou às costas do Lácio, onde vivia o povo dos latinos. Com a ajuda de outros povos locais, combateram contra aquele e em particular contra os Rútulos, cujo rei, Turno, queria desposar Lavínia, filha do rei dos Latinos. Também Enéias aspirava à mão daquela princesa e, por desejo de Turno, homem forte e violento, realizou-se um duelo. Enéias, certo de seu destino de herói, atacou impiedosamente seu adversário e em breve sua espada caiu sobre Turno e matou-o. Enéias casou-se com Lavínia, tornando-se rei dos latinos. Iulo, seu filho, fundou uma cidade, denominada Alba, que, devido às suas casas dispostas em longa fileira, foi depois chamada de Alba-a-Longa. 
               Desta cidade não tivemos notícias até o século VII a.C., quando, segundo a lenda, subiu ao trono de Alba-a-Longa Númitor. Amúlio, irmão do rei, mediante uma conspiração, depôs Númitor do trono e declarou-se rei de Ala-a-Longa, obrigando Rea Sílvia, única filha do irmão, a tornar-se Vestal. As Vestais, inteiramente consagradas ao culto da deusa Vesta, não podiam casar, sob pena de morte. E esta foi a sorte de Rea Sílvia, quando Amúlio soube que ela tivera dois filhos do deus Marte. Segundo os usos daquela época, a mulher foi enterrada viva e os dois gêmeos atirados ao Rio Tibre. 
              Mas o servo, que devia executar a ordem, pusera o cesto, onde se encontravam os dois meninos, sobre as águas do rio. O cesto encalhou entre os caniços das margens e os pequenos foram encontrados por uma loba, que, ao invés de dilacerá-los, amamentou-os. 
                Mais tarde, o pastor Fáustolo recolheu-os, levou-os para sua choupana e criou-os como filhos. Ao chegarem a idade adulta, Remo e Rômulo conheceram sua origem e em seus corações acendeu o desejo de vingar-se do usurpador. Mataram Amúlio e reconduziram ao trono Númitor, que desde longos anos mofava prisioneiro. 
               Em agradecimento, Númitor doou aos sobrinhos uma área de terra juntoà margem esquerda do Tibre, não distante do ponto em que o pastor os encontrara. Os dois irmãos puseram mãos a obra, traçando, antes de tudo, o sulco que iria limitar a nova cidade. Era o dia 21 de abril do ano 753 a. C. Como ambos desejassem dar o próprio nome à cidade, resolveram interpretar a vontade dos deuses, estabelecendo que aquele dos dois que visse voando maior número de pássaros seria o escolhido. Subiram a dois morros diferentes: Remo foi para o Aventino e viu sete abutres e Rômulo, sobre o Palatino, avistou doze . A cidade, de Rômulo, passou a chamar-se Roma. Isto é o que conta a lenda. Mas é provável que o nome Roma significasse "a cidade do rio", e,  em tal hipótese, dever-se-ia conjeturar que o nome de Roma não deriva de Rômulo, mas vice-versa, Rômulo e Roma: Romulus, o mítico fundador da cidade, o primeiro cidadão romano. 
                 Remo, despeitado, devido à vitória do irmão, ultrapassou, em gesto de desprezo, o sulco; e Rômulo, tomado de cólera, matou-o, demonstrando, assim, que a ninguém era permitido ultrajar Roma. 
                  Quando tudo ficou pronto Rômulo acolheu os primeiros habitantes em seu pequeno povoado: eram bandidos salteadores, obrigados a fugirem de suas terras, pastores sem morada fixa, homens rudes e ferozes. Foram esses os primeiros romanos, os progenitores daquele povo que iria conquistar o mundo. 
                 Dessa forma, Rômulo foi o primeiro rei de Roma, e conduziu várias guerras contra as aldeias vizinhas. Isso feito, dedicou-se também às tarefas de paz. Dividiu a população em tribos e fez-se assistir por uma assembléia, denominada "senado", porque constituída de cidadãos já de idade avançada. 
               Mas a população da cidade era formada exclusivamente por homens; então (sempre segundo a lenda), Rômulo organizou uma festa em honra de Netuno e convidou para esta, as famílias de um povo limítrofe, os Sabinos. E, quando os jogos estavam mais animados do que nunca, Rômulo fez um sinal aos romanos, e estes atiraram-se para cima das moças sabinas e, entre o espanto dos Sabinos, levaram-nas rapidamente para sua cidade. 
                 Os sabinos tomaram armas contra os romanos, mas as mulheres sabinas se intrometeram entre os pais e os maridos, os quais acabaram confraternizando e resolveram fundir-se num só povo, embora conservando cada qual seu próprio rei. Tito Sácio, que era rei dos sabinos, foi morto, e Rômulo passou a reinar sozinho. Estava, porém, convencionado que, ao morrer este, seria eleito um rei sabino. E isso aconteceu quando, durante uma revista militar, desabou um tremendo temporal e Rômulo desapareceu misteriosamente. Espalhou-se a notícia de que ele tinha sido assassinado pelos seus inimigos políticos, mas os senadores afirmaram que o deus Marte o raptara em um carro de fogo, levando-o para o céu.  
              Rômulo foi, então, considerado um deus e adorado sob o nome de Quirino. O novo rei Sabino foi Numa Pompílio; religioso e pacífico, ele deu sábias leis ao seu povo, dividiu o ano em doze meses e erigiu um templo em honra ao deus Jano, cujas portas permaneceriam fechadas durante o tempo de paz e abrir-se-iam em tempo de guerra. 
               O terceiro rei, Túlio Ostílio, foi, ao invés, belicoso. Mandou arrasar Alba-a-Longa, depois do combate entre os Horácios e os Curiácios. Os primeiros, três irmãos romanos, deviam enfrentar, em combate, os segundos, três irmãos curiácios. Dois dos Horácios já haviam tombado. O supérstite fingiu fugir, e os adversários passaram a persegui-los. Assim, ele pode enfrentá-los isoladamente e matá-los. 
                 Anco Márcio, que sucedeu a Túlio Hostílio, era neto de Numa Pompílio. Foi um rei sábio e pacífico. Mandou construir a cidade e o porto de Ostia, a ponte Sublício e o cárcere Mamertino. 
                     Os últimos três reis - Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e Tarquínio, o Soberbo - foram etruscos. O primeiro, após haver usurpado o trono de Anco Márcio, derrotou os latinos e os sabinos. Mandou construir aquedutos, o Circo, o Fórum e a Cloaca Máxima. Sérvio Túlio foi o primeiro a criar moeda, por meio de cunhagem. Ampliou Roma, dando-lhe novas muralhas e deu ao povo uma constituição menos dura, o que lhe valeu a inimizade dos patrícios. Aproveitando-se do descontentamento, o genro, Tarquínio, assassinou-o e tornou-se o último rei de Roma, sob o nome de Tarquínio, o Soberbo. Mandou matar muitos cidadãos e senadores e rodeou-se de um corpo de guardas armados daqueles fasci littri que, de origem etrusca, permaneceram para sempre como símbolo de autoridade e de justiça. 
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Nicéas Romeo Zanchett 

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